A Rússia lançou na madrugada de quarta-feira, (9), o maior ataque com drones e mísseis contra a Ucrânia desde o início da guerra em 2022. O ataque ocorreu depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar o envio de “mais armas” para Kiev “se defender dos bombardeios russos”, e criticar o líder russo, Vladimir Putin.
No total, o Exército russo disparou 728 drones e 13 mísseis, segundo a Força Aérea ucraniana, que afirmou ter interceptado 711 drones e destruído sete mísseis, sem especificar os danos provocados pelos ataques. Os bombardeios fazem parte da tão propalada “ofensiva de verão” no leste da Ucrânia.
O ataque de Putin é contrária às expectativas no início deste ano, quando Trump assumiu o cargo e buscou uma reaproximação com Moscou, tendo prometido durante a campanha eleitoral acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas.
Apesar de seis telefonemas entre os dois líderes desde fevereiro e duas rodadas de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul, a Rússia intensificou seus ataques. “Putin nos enche de besteiras, se você quer saber a verdade”, disse Trump aos repórteres. “Ele é muito gentil conosco o tempo todo, mas isso acaba sendo sem sentido”.
Na coletiva de imprensa em Belarus, em 27 de junho, Putin disse entender a frustração de Trump, referindo-se ao recente reconhecimento do presidente americano de que seria mais difícil terminar a guerra na Ucrânia do que ele pensava. “É assim que as coisas são”, continuou Putin. “A vida real é sempre mais complicada do que a ideia que temos dela.”
Até agora, as ameaças de sanções do presidente dos EUA contra a Rússia se mostram vazias. Ele também não sinalizou disposição para aumentar o apoio militar de forma a alterar o equilíbrio no campo de batalha, e os países europeus não parecem ter capacidade para fazer isso sozinhos. Uma das pessoas próximas ao Kremlin disse que Putin espera ainda poder chegar a um acordo sobre o alívio das sanções com Trump quando, em algum momento no futuro, o líder russo finalmente estiver pronto para encerrar a guerra.
Os objetivos de Putin na Ucrânia vão muito além de manter o controle sobre a faixa do país que suas tropas capturaram. Ele quer um compromisso da Otan de não expandir mais para o leste e reduzir sua infraestrutura. Também quer que a Ucrânia adote um status de “neutralidade” e limite o tamanho de suas forças armadas, além de proteger o uso da língua russa sob a lei ucraniana. Putin também insiste na retirada das forças da Ucrânia do território que ele afirma ser parte da Rússia. Esse pedido frustra o governo Trump, que esperava que Putin aceitasse um cessar-fogo nas atuais linhas de batalha.
Estadão Conteúdo