O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta quinta-feira (31) que a Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos procurou o governo brasileiro para agendar uma reunião sobre o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. A nova rodada de negociações ainda não tem data marcada.
Segundo Haddad, o contato foi feito pela equipe do secretário do Tesouro, Scott Bessent. A primeira conversa ocorreu em maio, antes do anúncio da tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras.
“Vai haver agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, afirmou Haddad. Para o ministro, o Brasil parte de uma posição mais favorável do que o esperado, mas ainda distante de um desfecho. “Há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem”, declarou.
Apesar de cerca de 43% do valor das exportações terem ficado de fora das tarifas, Haddad alertou que o impacto será forte em setores específicos, especialmente os menores. “Tem setores que, na pauta de exportação, não são significativos, mas o efeito sobre eles é muito grande”, disse.
O governo deve anunciar nos próximos dias um plano de apoio às empresas afetadas, com medidas como linhas de crédito e estímulo à adaptação. “Mesmo setores grandes vão precisar de tempo para redirecionar seus contratos”, avaliou.
Haddad também criticou o teor político da ordem executiva assinada por Trump, que acusa o Brasil de violar liberdades e interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF. “A perseguição ao ministro da Suprema Corte não é o caminho de aproximação entre os dois países”, concluiu.